A presidente do HL7 Brasil, Jussara Macedo Rötzsch, falou no webseminário “Interoperability and Standards: Policy Innovation Hotspots Worldwide”, organizado pelo HL7 International, sobre o cenário brasileiro e o protagonismo do HL7 Brasil na agenda de avanço da saúde digital em meio a um panorama global desafiador.
Jussara começou traçando o cenário mundial, em que os EUA e por consequência instituições multilaterais que dependem dos aportes americanos, como a OMS e a OPAS, reduziram seus investimentos em saúde, trazendo incerteza para programas de saúde digital multilaterais.
Entretanto, ela destacou que esse cenário negativo global pouco afetou o Brasil. Pelo contrário, a resposta é de um investimento estratégico nacional, com o fortalecimento do SUS digital, a federalização da Rede Nacional de Dados de Saúde usando o FHIR (padrão internacional do HL7 para troca de informações de saúde eletrônicas) e o financiamento a universidades, levando a uma informação de saúde integrada e de alta qualidade.
O HL7 Brasil colabora com esse processo com o treinamento de equipes de entes públicos para o uso do FHIR e a interoperabilidade de modo geral, apoiando projetos locais para modernização de EHR (prontuário eletrônico de saúde) e desenvolvimento de API (interface de programação de aplicativos).
Jussara também falou das estratégias do governo brasileiro e do HL7 Brasil para incluir os avanços da Inteligência Artificial nos esforços para promover a interoperabilidade e sobre a inclusão da saúde digital na agenda da COP 30 em Belém, sob o reconhecimento de que a mudança climática impacta a saúde pública. Ela também falou de outros esforços internacionais do Brasil, como os avanços na implementação do IPS (International Patient Summary) usando o FHIR, culminando na realização da cúpula do GDHP (Global Digital Health Partnership) em julho de 2025 em Salvador, primeira vez que o evento aconteceu na América Latina.
A presidente do HL7 Brasil encerrou sua apresentação falando sobre a visão do HL7 Brasil, resumida em quatro pontos:
- Padrões / Maturidade: A adoção de padrões internacionais garante sistemas maduros e confiáveis
- Uso Eficiente de Recursos: A interoperabilidade reduz desperdício e otimiza investimentos em saúde
- Telessaúde como Estratégia do SUS: Tecnologia conectada expande o acesso a cuidados médicos em todo o Brasil
- Cuidados Preventivos e Integrados: O compartilhamento de dados permite a prevenção e a continuidade dos cuidados médicos
Em conclusão, Jussara frisou que o Brasil está rapidamente adotando o FHIR e padrões de dados de saúde, transformando o panorama de informações de saúde e melhorando os cuidados aos pacientes; que as estratégias do governo estão aumentando a interoperabilidade, permitindo que sistemas de saúde sejam mais eficientes e se conectem ao longo do Brasil; e que o país está estabelecendo um exemplo regional em saúde digital, reforçando seu papel como líder em padrões e troca de dados de saúde.