Presidente do HL7 Brasil fala sobre interoperabilidade na Rio Innovation Week

A presidente do HL7 Brasil, Jussara Macedo Rötzsch, participou na sexta-feira, 15 de agosto, de um debate no espaço Health Tech da Rio Innovation Week, no Pier Mauá . O tema foi “Saúde em Código Aberto: Dados, Interoperabilidade e Inovação No Cuidado. O evento contou ainda com as presenças de Rafael Mendes, CEO da Vision One, e Rosane Ricciardi, CDAO do Grupo Amil, e teve a mediação de Scarlett Dávlia, CEO da Medifyh.

No debate, Jussara falou sobre os esforços da HL7 Brasil para implementar a interoperabilidade no Brasil, para melhorar todo o ecossistema do atendimento de saúde.

Questionada sobre a implantação do prontuário único no Brasil, Jussara afirmou não gostar do termo e preferir o nome “registro eletrônico de saúde”. Ela disse que é importante que o Brasil se guie pelo modelo europeu, no qual o controle dos dados é do paciente, para que ele possa ser disponibilizado e consultado por profissionais médicos que irão atendê-lo em diferentes situações.

“É uma ferramenta que sumariza as informações necessárias para o prosseguimento do seu cuidado. Sempre que você for numa emergência, vai ser atendido por uma pessoa que você não conhece. É muito importante que o paciente carregue essa informação e que ela seja distribuída quando ele precisar”.

Jussara destacou a recente criação de instrumentos legais que promovem a interoperabilidade, como o decreto 12.560/2025 da Presidência da República e a portaria 2.073/2011 do Ministério da Saúde.

“Hoje a interoperabilidade não é mais um projeto, não é mais um plano. A pergunta não é mais como fazer, é como implementar. É uma oportunidade para que seja algo que não venha só de cima para baixo, mas de baixo para cima”, disse.

Quando o CEO da Vision One sugeriu que o sistema de saúde seguisse os passos do sistema financeiro e implantasse sua versão do “open finance”, que possibilita que diferentes instituições bancárias tenham acesso às informações financeiras dos clientes, Jussara lembrou que iniciativas parecidas já acontecem há décadas na saúde, citando os casos do Tiss (Troca de Informação da Saúde Suplementar, padrão obrigatório para troca eletrônica de dados entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços de saúde) e do Snomed CT (terminologia clínica de saúde mais abrangente e multilíngue do mundo).

Ela previu que o compartilhamento do registro eletrônico de saúde dos pacientes pelos operadores é algo que deve ser obrigatório não dentro de anos, mas possivelmente já em 2026. “Já é obrigatório com vacinas e exames de Covid, o negócio é estender para tudo”, afirmou.

No fim do debate, Jussara falou sobre o assunto do momento, a inteligência artificial, e como ela pode ser usada para promover a interoperabilidade. Ela afirmou que o HL7 já está usando uma ferramenta de inteligência artificial para unificar terminologias de termos médicos em bases de dados diferentes usando o padrão do Snomed CT, o que antes era um trabalho manual, e destacou que o Brasil é liderança mundial neste trabalho.

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